6 Minutos de Leitura

A linguagem está presente em todos os momentos da nossa rotina. Mas você já parou para pensar em como ela poderia ser modificada em prol da inclusão? Bom, uma galera pensou e, há muito tempo, começou a implementar o uso da comunicação neutra pelo mundo afora.

Super popular em debates sobre igualdade de gênero e orgulho LGBTQIAP+, essa ferramenta mostra que simples mudanças podem impactar (positivamente!) a vida das pessoas. Só que muita gente ainda se questiona como essa forma de se comunicar funciona, sua importância e o que fazer para ela avançar na sociedade.

E é justamente por isso que nós, do blog da TJama, chegamos com um guia completo sobre a linguagem neutra para te deixar por dentro de tudo sobre esse símbolo de representatividade e acessibilidade. Venha com a gente nesse bate-papo para quebrar mais um paradigma!

Afinal, o que é a linguagem neutra?

A linguagem neutra nada mais é do que uma ferramenta de comunicação que questiona o binarismo de gênero presente, principalmente, na escrita e na fala. Ela se baseia em palavras e termos inclusivos para tratar igualmente pessoas de diferentes expressões sexuais, como ao substituir “homem” e “mulher” por “pessoa” ou “indivíduo”.

Não se sabe exatamente quem criou esse modelo de linguagem, já que ele vem sendo usado há anos em diversos idiomas. O que sabemos é que ele chegou à popularidade que tem hoje graças à conscientização da sociedade em lutas pela igualdade de gênero, pelos direitos das pessoas LGBTQIAP+ e do movimento feminista.

Ou seja, mais do que uma maneira de se comunicar, podemos afirmar que ela é um movimento coletivo pela inclusão, que luta contra os padrões heteronormativos nos quais vivemos atualmente. É um verdadeiro avanço, especialmente por trazer visibilidade às existências transexuais e não binárias.

duas pessoas conversando no trabalho usando linguagem neutra

Quais são alguns exemplos de linguagem neutra?

Assim como em qualquer forma de comunicação, a linguagem neutra tem sua regra: trocar qualquer pronome, substantivo, adjetivo ou termo que objetifica o gênero por palavras inclusivas. Na língua portuguesa brasileira, por exemplo, as palavras que terminam com “a” e “o” para identificar feminino e masculino são finalizadas com “e” ou “u”.

A gente fez uma tabela com exemplos para te ajudar a entender, olha só:

Linguagem padrãoLinguagem neutra
ela/eleelu
dela/deledelu
homem/mulherpessoa ou indivíduo
amiga(o)amigue
funcionária(o) dedicada(o)pessoa funcionária dedicada
mulher bonita/homem bonitopessoa bonita
convidados da festaconvidades/pessoas convidadas da festa

O uso de “X” e “@” na linguagem neutra

Antes da chegada de “e” e “u” para substituir “a” e “o” nos termos ligados a gêneros, era muito comum vermos “X” e “@” utilizados como linguagem neutra por aí, especialmente na internet. Mas ambos limitam a acessibilidade de pessoas com deficiências ou transtornos de aprendizagem, já que não apresentam som em todas as palavras — por vezes, em nenhuma!

Basicamente, isso impede que tecnologias assistivas, como os leitores de tela, forneçam a comunicação completa a pessoas cegas, surdas, com dislexia ou algum outro impedimento de linguagem. E como estamos falando de uma ferramenta de comunicação pela inclusão, faz todo sentido não permitirmos essa barreira, já que vai contra todo estilo de vida sugerido, não é?

Como está o avanço da linguagem neutra no Brasil?

A linguagem neutra no Brasil ainda não é tão utilizada, apesar de vir ganhando cada vez mais presença nos canais de comunicação e mídia. Até mesmo a Secretaria da Comunicação do Governo Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) já se pronunciaram sobre o assunto com recomendações do uso de pronomes não binários em documentos oficiais para fortalecer a inclusão.

O grande desafio existe por conta de políticos e parte da população que se opõem ao movimento, especialmente por alegarem que ele é uma ameaça à norma culta da língua portuguesa brasileira. E, cá entre nós, toda essa relutância não é surpresa para ninguém, considerando que vivemos ainda sob muita repressão de gênero, pressão estética e moral por parte do patriarcado.

Infelizmente, alguns estados e municípios brasileiros, como Paraná, Santa Catarina, Rondônia, Manaus e Porto Alegre, ainda impedem o avanço dessa linguagem em instituições de ensino e concursos públicos. Mas a iniciativa do STF em prol da causa já é um baita sinal de que estamos no caminho pela unanimidade.

homem conversando com mulher usando linguagem neutra

Ah, e vale lembrar que o uso de pronomes neutros não é uma coisa que só tem no Brasil, viu? Diversos países de diferentes idiomas e culturas, como França, Alemanha, Argentina, Inglaterra e Espanha, são exemplos de nações onde o tema está sendo abordado e debatido.

A linguagem neutra é possível e viável?

A linguagem neutra é completamente possível, mas ainda precisa de suporte para melhorias em sua estrutura. O primeiro passo para esse avanço é o reconhecimento coletivo de que nossa língua atual tem uma posição excludente quanto a pessoas não binárias, transexuais e até mesmo mulheres. Mudá-la seria uma excelente forma de autocuidado coletivo.

Depois disso, seria importante que órgãos públicos e empresas de tecnologia trabalhassem em conjunto para adaptar a acessibilidade a essa linguagem. Isso porque o uso de “e” e “u” ainda é bem limitante para pessoas com deficiências ou transtornos de aprendizagem. Uma vez que 100% acessível, a comunicação neutra se torna tão viável quanto qualquer outro modelo.

Temos que lembrar sempre: neutra ou não, a linguagem é viva e está em constante mudança, e um bom exemplo disso é que não falamos mais o mesmo português de 100 anos atrás. Então, por que não utilizarmos ela como uma manifestação política por melhorias na sociedade?

Esperamos que você tenha curtido esse bate-papo tanto quanto nós da TJama. Por aqui, estamos sempre em busca de quebrar paradigmas em prol de um mundo mais confortável e livre para todes. ❤

Ah, e se quiser continuar nessa jornada de conhecimento, aproveite para conferir nosso conteúdo sobre aceitação do próprio corpo, com dicas que vão muito além do físico!

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