Entenda porque existe um mês dedicado ao orgulho LGBTQIA+

8 Minutos de Leitura

Quando falamos sobre o mês do orgulho LGBTQIA+, existem pessoas que acabam não entendendo qual a necessidade ou importância desse marco na luta social desse grupo que é historicamente marginalizado.

O movimento LGBTQIA+ desempenha um papel fundamental na divulgação de crimes de ódio, na participação da vida política, trabalhando para garantir leis de proteção, e no acolhimento às vítimas do preconceito no Brasil.

No post de hoje vamos conhecer um pouco deste movimento, sua história, origem, e o motivo de existir um mês de celebração à comunidade. Continue a leitura e entenda.

mão de uma pessoa segurando a bandeira lgbtqia+ com as cores da bandeira pintadas no braço

O que é o movimento LGBTQIA+?

O movimento LGBTQIA+ corresponde a um movimento civil e social presente no mundo todo, e tem como premissa a defesa ao respeito, direitos e à vida das pessoas de orientação sexual e identidade de gênero que não se encaixam no padrão socialmente imposto, que é heterossexual e cis-gênero.

Este movimento, assim como o feminismo e a luta antirracista, possui diversas vertentes e frentes de ação distintas, devido a sua presença em todos os locais do mundo. Apesar de não haver uma unidade ou núcleo específico, existem organizações não governamentais que realizam o trabalho de acolhimento e reintegração social dessas pessoas, como a Casa 1, em São Paulo.

O movimento LGBTQIA+ é composto por uma vasta cadeia de ativistas políticos, que promovem marchas de rua anuais, e outras atividades como manifestações, produção e divulgação de mídias.

Embora a comunidade LGBTQIA+ venha avançando a pequenos passos e conquistando alguns direitos básicos, em mais de 70 países do mundo é considerado crime, e aproximadamente 13 condenam à pena de morte.

Ainda que a realidade de muitas pessoas e nações seja demasiadamente triste e preocupante, o movimento LGBTQIA+ busca combater o preconceito diariamente e garantir a proteção e devido respaldo social e governamental a essas pessoas.

Qual é o mês do orgulho LGBTQIA+?

O mês do orgulho LGBTQIA+ é celebrado em junho, mais especificamente no dia 28. Esse mês representa um período intenso de conscientização e atividades de divulgação de dados, levantamento de informações úteis para produção de materiais e exigências governamentais, como leis de amparo.

O mês de junho também vem como uma forma de lembrar aos membros da comunidade que eles não enfrentam essa luta sozinhos, embora muitas vezes pareça que não tem ninguém ao seu lado, e com isso, praticar o autocuidado. Um exemplo da grandeza desse movimento no Brasil, é a parada LGBTQIA+ de São Paulo, uma das maiores do mundo.

As diversas manifestações atraem apoio de pessoas de dentro e fora da comunidade, muitas vezes celebridades e pessoas com plataformas de comunicação muito amplas, que de forma solidária prestam apoio e dão espaço para que o assunto possa ser debatido e divulgado.

Apesar de muitas pessoas acreditarem que as manifestações se trata apenas de celebrar e festejar, coisa que de fato ocorre, elas não se limitam a essa natureza. A parada cumpre uma função cirúrgica de mostrar a dimensão do movimento e abrir espaço para discussões importantes, desde lifestyle da população, até projetos de lei.

Por que existe o mês do orgulho LGBTQIA+?

O mês de junho ficou definido como o período de conscientização e celebração da comunidade, devido às ações brutais da polícia contra a população LGBT que ocorreram em um bar de Nova York, em junho de 1969. A seguir, vamos explorar melhor a origem dessa história.

Revolta de Stonewall

Stonewall Inn era um famoso bar LGBT em Nova York, que atuava sem as documentações necessárias para o funcionamento do estabelecimento, como licença para vender álcool ou saídas de emergência. Na época ocorriam diversas rondas policiais para fiscalização e autuação dos estabelecimentos irregulares. Na madrugada do dia 28 de junho, os policiais decidiram passar por Stonewall pela terceira vez em curtíssimo período.

Nesta fiscalização, a equipe da polícia encaminhou alguns funcionários e consumidores do bar até a viatura, para efetuar a prisão. No caminho, os policiais usaram de atos violentos e agressões, o que gerou revolta na multidão que observava a ação. Como forma de protesto, os frequentadores atiraram objetos nos policiais.

A partir daí começou um confronto entre a comunidade e os policiais, que ocasionou até o início de um incêndio. Após esse enfrentamento, grande parte da população LGBTQIA+ se aproximou do local para ajudar no protesto que durou alguns dias.

Algum tempo depois do ocorrido, começaram a surgir organizações que defendiam os direitos e liberação dos LGBTQIA+, que até então eram criminalizados.

Vale ressaltar que Stonewall, mais do que um bar, era um espaço de interação social e convivência de um grupo de pessoas que eram extremamente marginalizadas. Desde então, há mais de 50 anos, o dia 28 de junho é oficialmente o mês do orgulho LGBTQIA+.

Importância do mês do orgulho

Após todos os dados apresentados, e o cenário atual do Brasil liderando os países que mais agridem e matam pessoas LGBTQIA+ no mundo, a consideração que se conclui é que o mês do orgulho vem na contramão dos atos violentos e busca esclarecer a população sobre a gravidade do assunto.

O mês do orgulho representa um momento de voltar os olhares para as calamidades que ocorrem diariamente no país e no mundo, promovendo a reflexão e conscientização de todos.

Mas não apenas isso, é um momento de celebração daqueles que vivem sua verdade, não tem medo de amar e que lutam dia e noite pelo reconhecimento e respeito de todas as pessoas LGBTQIA+, aquelas que já tem noção de sua orientação, e aquelas que continuam no processo de descobrimento, que não é nada fácil.

O que fica para o futuro, é um olhar esperançoso de que as pessoas desenvolvam a empatia e compaixão, para que todos possamos conviver em sociedade, priorizando o respeito, bem-estar e a vida das pessoas que sofrem com o machismo, a gordofobia, homofobia e muitas outras problemáticas.

Dados

A homofobia, seja ela por parte de estranhos, ou até mesmo por parte da própria família da vítima, causam sequelas irreparáveis, que precisam ser assistidas para encontrar uma solução, ou pelo menos uma forma de amenizar.

A seguir, confira alguns dados relevantes sobre a homofobia no Brasil:

  • Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2,9 milhões de pessoas se declaram membros da comunidade LGBTQIA+;
  • Segundo o site “observatório de mortes e violência contra LGBTQIA+”, apenas em 2022 foram registrados 273 casos de mortes violentas de pessoas da comunidade;
  • Segundo o Grupo Gay da Bahia, a cada 34 horas, uma pessoa LGBTQIA+ comete suicídio;
  • O Brasil é o país que mata pessoas LGBTQIA+.

Criminalização da homofobia

O processo de criminalização da homofobia demorou anos para ser aprovado e implementado, sendo debatido e votado apenas em 2019, anos depois da pauta estar em discussão, e claro, diversas pessoas sendo aniquiladas pela orientação sexual.

Em 2019, a corte analisou ações apresentadas pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), e após ser aprovado por 8 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal permitiu a decisão. Com isso, o Brasil se tornou o 43º país a criminalizar atos homofóbicos.

O ato de homofobia e transfobia se enquadra no crime de racismo, lei de apoio e sustentação na luta antirracista, visto que ele prevê o preconceito e discriminação de quaisquer natureza.

Embora seja um grande avanço, ainda não existe uma lei exclusiva que defenda os direitos e segurança da comunidade. Veja o que a criminalização da homofobia prevê:

  • praticar, induzir ou incitar a discriminação, ou preconceito por conta de orientação sexual se enquadra como crime;
  • a pena é de 1 a 3 anos de reclusão, além do valor da multa;
  • em caso de ampla divulgação do ato, por meio de redes sociais ou outras plataformas, a pena será de 2 a 5 anos, além da multa.

No post de hoje nos aprofundamos um pouco na origem do movimento social da comunidade LGBTQIA+, e o motivo de existir um mês inteiro de conscientização sobre o assunto.

Se este artigo foi útil para você, continue explorando o blog da Tjama, talvez nosso post sobre os 3 pilares do feminismo seja interessante. Obrigado por ler até aqui, e até a próxima!

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