Etnicidade é um conceito desenvolvido entre os séculos XIX e XX por cientistas sociais e antropólogos com o objetivo de compreender melhor questões étnicas que iam além da cor de pele associada à raça. Esse conceito envolve um conjunto de características, como as culturais, sociais e físicas, pertencentes a um grupo de seres humanos.
Dentre todos os pontos importantes que o permeiam, é legal pensar que, ao compreendê-la, nos permitirmos a identificar expressões preconceituosas, necessidades comuns e aumento da valorização da nossa própria história e cultura.
Por isso, hoje, nós da TJama, te convidamos a um bate-papo sobre o que é a etnicidade e como podemos usá-la para nadarmos contra a corrente do preconceito. Vem com a gente?
O que é o conceito de etnicidade?
A etnicidade é um conceito mais amplo do que raça e etnia, porque envolve características como uso de um estilo de roupa e não de outro, idioma, tradições culturais, sociais e históricas, compartilhadas por um grupo de pessoas. Esse grupo manifesta uma identidade étnica em comum, podendo ou não morar em um mesmo país.

O termo também é muito mais amplo do que raça, já que um conjunto de seres humanos pode, por exemplo, falar uma mesma língua e compartilhar os mesmos valores culturais e/ou religiosos sem necessariamente ter o mesmo tom de pele.
Ah, para estar dentro de uma etnicidade, basta que haja algumas das características em comum que citamos, mas não é obrigatório ter todas elas. Ficou com um nó na cabeça?
É só pensar em grupos como o judaico, focado na religião e na tradição histórica/cultural, sem necessariamente falar o mesmo idioma ou ter traços físicos em comum, e o afro-brasileiro, formado por brasileiros pretos e pardos que são descendentes de africanos, podendo pertencer a religiões diferentes.
Qual é a diferença entre etnia e etnicidade?
Pra explicar a diferença entre ambos, a gente precisa entender primeiro o que é cada um desses conceitos. A etnia é um conjunto de características como história, organização social, língua, visão de mundo, estilos de dança e crenças compartilhadas por algumas —ou muitas — pessoas, estando elas ou não no mesmo país.

Como já explicamos no tópico anterior, a etnicidade é quando os indivíduos que pertencem a uma determinada etnia e a expressam por meio de suas culturas, culinárias e ações com base em valores compartilhados. Ou seja, enquanto uma é estrutural, a outra é ativamente representada, enaltecendo ambas de uma vez só.
Qual é a diferença entre raça e etnia?
A raça está relacionada com a cor de pele e outros traços físicos. O IBGE tem cinco classificações de raça com as quais os brasileiros podem se identificar, sendo elas: parda, preta, branca, indígena e amarela. Sim, essas são as opções que você tem para responder ao questionário quando um agente do censo vai até sua casa.
Por outro lado, a etnia pode incluir os fatores raciais, mas também engloba aspectos históricos, culturais, sociais, linguísticos e religiosos. Pra ficar mais fácil de entender, é só dar uma olhada nesse exemplo:
- Raça indígena: indivíduos descendentes dos povos originários brasileiros, que podem ou não habitar em aldeias;
- Etnia guarani: grupos de pessoas que falam a língua Guarani, compartilham as mesmas crenças e tradições, seguem determinada organização social e habitam não só no Brasil, mas também em países vizinhos.
Independentemente do conceito, o conhecimento sobre as diferentes culturas é importante para podermos alcançar uma sociedade mais justa, respeitosa e igualitária. Isso porque as questões étnico-raciais frequentemente são motivos de racismo que devem ser combatidos — e nada melhor do que derrubar esse problema com o conhecimento, não é?!
Como a etnicidade pode ser uma ferramenta de resistência?
Atitudes como aceitar seu corpo, valorizar seus próprios elementos culturais e sua história são consequências do conhecimento e acolhimento da etnicidade dos indivíduos. Esse conjunto de características étnicas e raciais também pode ser usado como ferramenta de resistência, pois colabora para os seguintes casos:

Sentimento de pertencimento a um grupo
Quando as pessoas percebem que compartilham várias características entre si, há a ocorrência do sentimento de pertencimento a um grupo. Isso permite que os indivíduos identifiquem necessidades em comum e se unam a favor de causas que os beneficiarão.
Preservação artística e cultural
Além disso, é mais fácil preservar elementos artísticos e culturais, já que os grupos étnicos passam a reconhecer a importância das suas produções atuais e das de seus antepassados. O que leva a uma maior resistência ao abandono de práticas tradicionais que fazem parte da história, diminuindo também a famosa “Síndrome de Vira-Lata”,que se refere à visão de que as culturas de países desenvolvidos seriam melhores.
Busca por maior representação e direito de expressão
A identificação da etnicidade faz com que os grupos consigam se organizar para exigir maior representação na sociedade e fazer valer seu direito de expressão, a fim de demonstrar e valorizar sua própria existência.
Participação política e manutenção de direitos
É possível, ainda, conseguir uma maior participação política, manifestando oposição a formas de discriminação e opressão, além de reivindicar que seus direitos sejam garantidos perante a Lei.
Viu só como a etnicidade engloba muito do que vivemos, falamos e expressamos no dia a dia? Agora que você sabe mais sobre o assunto, fique com a gente por aqui e aproveite para expandir seus conhecimentos sobre pautas que quebram paradigmas com o nosso post sobre sororidade, que une as mulheres em prol do bem-estar e da proteção feminina na sociedade!