Dentre os mais diversos temas debatidos pelo movimento feminista, o machismo se destaca justamente por carregar um peso histórico significativo na sociedade. Ele é manifesto, principalmente, por meio de crenças, comportamentos e atitudes que disseminam a noção de que a desigualdade de gênero é algo aceitável e até mesmo normalizada na sociedade.

E por meio de um olhar prático, não deixa de ser verdade, né? Quer dizer, essa crença está tão enraizada socialmente que muitas pessoas nem se dão conta de que o machismo, na verdade, é uma grande problemática, quefere não apenas as mulheres, mas a sociedade como um todo — incluindo os homens.
Diante disso, surge a necessidade de democratizar a educação acerca dos principais debates envolvidos nessa temática, que minimiza a existência das mulheres todos os dias. Pronto para embarcar nessa com a TJama? Então, continue acompanhando o post para descobrir o que é machismo, quais seus tipos, como combatê-lo e mais!
O que é machismo?
Machismo é uma perspectiva que coloca as mulheres como subordinadas aos homens, restringindo-as de liberdade, de direitos e da igualdade perante a sociedade.
Quando se fala sobre ele, é inevitável pensar sobre como o conceito não só caminha paralelamente com a desigualdade de gênero como a alimenta diariamente, especialmente por meio de crenças ultrapassadas e práticas que violentam o gênero feminino, enaltecendo a masculinidade diante de um viés patriarcal.
Um problema que afeta a todos nós
Historicamente, o machismo tem suas raízes em estruturas sociais e religiosas que, por séculos, sustentaram a dominação masculina. Tais crenças foram passadas de geração em geração, perpetuando a desigualdade de gênero em diversas esferas da vida, desde o ambiente doméstico até o mercado de trabalho, e são manifestas em comportamentos e expressões preconceituosas que acabam passando batidas ou normalizadas pela sociedade.
Mas, esse problema não apenas oprime as mulheres, como também cai sobre os homens. Isso porque ele fortalece uma ideia rígida de masculinidade, alimentada pela expectativa de que os homens devem ser fortes, dominantes e emocionalmente contidos, o que pode levar a consequências nocivas à sua saúde mental e relacionamentos sociais de todos.
O que é considerado o machismo?
Sutis ou não, existem diversos comportamentos que, apesar de normalizados socialmente, perpetuam a desigualdade de gênero, a inferiorização, a sexualização e a violência contra a mulher na sociedade. Para exemplificar isso com precisão, trouxemos alguns exemplos do que é considerado machismo, mas muitas vezes passa despercebido:

- Silenciamento da mulher em contextos sociais, trabalhistas, domésticos, etc.;
- Imposição de fragilidade das mulheres perante a concepção de masculinidade;
- Segmentação de gênero na indústria e no mercado com foco no consumo;
- Contenção da individualidade das mulheres diante das crenças que envolvem a feminilidade;
- Percepção do feminino como um objeto de sexualização, que deve estar à disposição dos homens;
- Assédio sexual, violência verbal, física, psicológica e demais práticas que ferem as mulheres, sexual e moralmente;
- Distinção de acesso a direitos, em termos de desigualdade salarial e tomada de decisões em cargos de liderança.
Consegue ver como as manifestações desse conceito são mais comuns do que parecem? Isso ocorre porque esse tipo de crença perpetua na sociedade desde os primórdios, afetando a concepção de igualdade e intensificando a dominância dos homens em detrimento às mulheres, que sofrem assédio moral e sexual nesse processo.
Quais são os tipos de machismo?
Para entender melhor como o machismo se manifesta por meio de recortes históricos e temáticas debatidas até hoje, é preciso conhecer quais são os seus três principais tipos, suas características e formas de impacto às mulheres. Veja:
1. Machismo estrutural
Compreendido como uma forma de opressão enraizada nas instituições, práticas sociais e normas culturais que perpetuam a desigualdade de gênero, o machismo estrutural favorece sistematicamente os homens frente às mulheres e de outras identidades de gênero.
Aliás, essa vertente não se manifesta apenas em ações individuais, como também nas estruturas de poder — como nos sistemas legais, no mercado de trabalho e nas expectativas sociais, criando um ambiente em que as mulheres enfrentam barreiras persistentes para alcançar a igualdade plena.
2. Machismo cultural
O machismo cultural, em paralelo ao estrutural, é perpetuado por meio de normas, práticas e valores culturais que reforçam os padrões de desvalorização das mulheres, acarretados por preconceitos que violentam corpos fora do padrão, polarizam o acesso à educação, entre outros.
Em termos de cultura, ele é reproduzido de diversas formas e em contextos variados, e pode ser propagado tanto por homens, mulheres e veículos de cultura e de informação. Um bom exemplo disso são filmes, séries e até músicas antigas que, se apresentadas hoje, após um bom entendimento da problemática do patriarcado, seriam facilmente canceladas por diminuírem a mulher.
3. Machismo institucional
Ao nível institucional, o machismo se manifesta por meio de práticas e políticas de instituições como empresas, escolas e governos com posicionamentos que fomentam a desigualdade de gênero.Alguns exemplos incluem a disparidade salarial entre homens e mulheres, a falta de representatividade feminina em cargos de liderança e a tolerância ao assédio sexual no ambiente de trabalho.
O que o machismo pode causar?
Não tem como negar que o machismo gera consequências profundas e prejudiciais para a sociedade como um todo, afetando diretamente a vida das mulheres e, indiretamente, impactando os homens. Na estrutura social em geral, perpetua a desigualdade, alimentando a violência e contribuindo para um ambiente de medo e opressão. Saiba mais sobre seus principais impactos:
Desigualdade de gênero
Independentemente da vertente feminista, a desigualdade social é um dos maiores debates dentro do movimento — e não é à toa, já que o machismo situa, constantemente, as mulheres em contextos em que são subjugadas e desvalorizadas, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal.
Isso limita suas oportunidades e contribui para a disparidade de poder entre os gêneros, além de limitar o acesso a oportunidades educacionais e profissionais, fomentar a discriminação salarial e a exclusão das mulheres de posições de liderança.
Violência contra a mulher
Outro impacto causado pelo machismo é a violência direta e indireta contra a mulher, que varia desde abuso verbal, psicológico e emocional até agressão física e sexual. Essa violência é frequentemente justificada ou minimizada pela cultura machista, que vê a dominação masculina como natural.
A violência doméstica, por exemplo, é um reflexo direto desse problema, onde o controle e a posse sobre o corpo e a vida das mulheres são normalizados. Em casos mais sérios, essas agressões resultam em tragédias, conhecidas como feminicídio — onde, infelizmente, o Brasil se encontra no top 10 de maiores números de casos ao ano.
Impactos à saúde mental
Além das consequências físicas, o machismo pode causar danos psicológicos significativos às mulheres, levando a problemas como ansiedade, depressão e baixa autoestima. Diante da constante desvalorização, os ataques à identidade e as expectativas irreais impostas às mulheres contribuem para um ambiente psicológico tóxico.
Homens também sofrem as consequências, sendo pressionados a conformar-se com padrões rígidos de masculinidade, que alimentam desde a superioridade dos homens até a pressão estética, colocando-os como dominantes, fortes, viris e racionais, o que pode levá-los a problemas emocionais e relacionais.
Afinal, como combater o machismo na sociedade?
Combater o machismo exige uma mudança cultural profunda e o engajamento de toda a sociedade, e uma das maneiras mais eficazes de diminuir a credibilidade estrutural dele é através da educação. Por isso, desde cedo, crianças devem ser ensinadas a respeitar e valorizar uns aos outros como iguais, desconstruindo estereótipos de gênero e promovendo a igualdade.

Outra forma de combatê-lo é por meio da conscientização e das movimentações ativistas. Movimentos feministas, políticos e outras organizações de defesa dos direitos das mulheres têm um papel fundamental nessa luta: levantando questões, propondo mudanças e demandando do governo políticas públicas que protejam as mulheres e promovam a igualdade de gênero.
Além disso, as instituições devem se comprometer a combater o machismo mediante políticas inclusivas e equitativas, que incluem a promoção de igualdade salarial, a criação de ambientes de trabalho seguros e a inclusão de mais mulheres em posições de liderança, comumente designada aos homens.
Ah! Não podemos esquecer dos contextos intimistas vivenciados pelas mulheres: um dos principais locais em que o machismo é perpetuado é o ambiente doméstico, onde elas, além de serem violentadas, são condicionadas a assumir funções domésticas e de cuidados, zelando o lar, a família, os animais e os demais tipos de atividades de cuidado não remuneradas.
E esse contexto tem um nome, viu? Continue com a TJama para saber mais sobre o que é economia do cuidado, como ela ocorre e como combatê-la visando a igualdade de gênero nos espaços domésticos e sociais. Juntos, vamos combater o machismo e lutar por um mundo mais igualitário!