Sabe quando está passando uma notícia de estupro e alguém começa a falar das roupas da vítima, insinuando que ela estava pedindo por aquilo? Ou quando acham que está tudo bem desmoralizar uma mulher porque ela não deveria mesmo ocupar um cargo de liderança?
Ou ainda quando alguém faz uma “piadinha” duvidando da capacidade de uma mulher para uma atividade em que os homens costumam ser considerados experts? Essas são algumas atitudes que demonstram a misoginia que aparece tanto em nosso dia a dia e é combatida pelo feminismo.
Quer descobrir o que é o conceito de misoginia, quando é que se pode classificar essa situação como um crime, além de algumas maneiras de lutar contra ela? Continue lendo nosso texto!
O que é misoginia?
Misoginia é uma palavra de origem grega que significa ódio a mulheres. Esse sentimento pode ser demonstrado através de diferentes formas de discriminação, antipatia, desdém e rejeição não somente às mulheres, mas também a elementos considerados femininos.
Essa atitude pode aparecer de várias maneiras que vão desde comentários maldosos sobre a capacidade de uma mulher realizar certa tarefa — tipo aquelas frases populares como “mulher só pilota fogão” — até casos gravíssimos como o feminicídio, em que o fato de se tratar de uma mulher é considerado como justificativa para assassinato. Terrível, né?
Qual a diferença entre sexismo, machismo e misoginia?
O sexismo é quando ocorre uma discriminação entre homens e mulheres a fim de buscar uma clara divisão de atitudes e papéis que devem e só podem ser exercidos por um dos gêneros. Aqui entra a ideia de que meninos brincam de carrinho e meninas de boneca.
Já o machismo é uma ideologia na qual o homem é visto como superior às mulheres em todos os quesitos, tanto intelectuais quanto físicos, e defende que elas devem ocupar apenas certas funções, como cuidar da casa. Assim, elas não são consideradas capazes de desempenhar tarefas consideradas “mais complexas”.
O machismo é algo estrutural e se manifesta, em grande parte das vezes, sem envolver agressões físicas, apenas usando “piadas” que depreciam as mulheres, comentários que menosprezam suas habilidades ou redução das oportunidades de emprego para cargos de liderança.
A misoginia também possui as características dos termos anteriores, porém inclui a ocorrência de violentas atitudes físicas ou verbais por causa de um ódio sentido pelas mulheres. Ah, essas atitudes podem indicar inseguranças quanto à própria masculinidade desses agressores que se consideram muito “machões”.
Misoginia é crime?
Em alguns casos, sim; em outros, não. A misoginia pode se manifestar em diferentes atos, sendo que apenas parte deles é considerada como um crime em nosso país.
No ano de 2023, foi apresentado o Projeto de Lei 872/23 que atualmente está em análise e prevê a criminalização de atos misóginos realizados com base em preconceitos que promovam a degradação, inferiorização ou desumanização das mulheres.
Confira a seguir exemplos de situações motivadas pela misoginia e quais delas são classificadas como ações ilegais em nosso país:
Casos em que a misoginia é crime
Os exemplos abaixo são atos realizados pela influência da misoginia em nossa sociedade que são considerados crimes pelo Código Penal Brasileiro:
- Feminicídio;
- Assédio moral e sexual;
- Atos de violência doméstica;
- Atos de violência sexual, como estupro;
- Desqualificar mulheres que tenham sofrido violência sexual.
Casos em que a misoginia não é considerada um crime
As situações a seguir também são motivadas pela misoginia, porém ainda não são classificadas como ilegais:
- Desigualdades de oportunidades no ambiente de trabalho;
- Distribuição desequilibrada das tarefas domésticas que frequentemente sobrecarregam as mulheres;
- Comentários desrespeitosos que menosprezem as capacidades femininas, como “mulher no volante, perigo constante”;
- Críticas a mulheres que não se comportam ou se vestem de acordo com os padrões estabelecidos, afirmando que elas não são femininas o suficiente;
- Reforço de estereótipos do que deve ser o feminino por meio de plataformas midiáticas como novelas, filmes, séries e anúncios publicitários;
- Desconsideração ou minimização da importância das opiniões e conhecimentos femininos através de interrupções (manterrupting) ou explicações desnecessárias (mansplaining).
Como combater a misoginia no dia a dia?
Veja a seguir uma lista com atitudes que você pode tomar em seu dia a dia para desestimular os casos misóginos a fim de tornar seus espaços de convívio mais justos e igualitários:
- Denunciar ou incentivar a denúncia formal de casos criminosos de misoginia;
- Apoiar a criação de políticas públicas que combatam as discriminações de gênero;
- Reportar e não seguir ou compartilhar contas em redes sociais que disseminem conteúdos misóginos;
- Repudiar piadas ou comentários que menosprezem a habilidade e competência de alguém devido ao gênero;
- Ensinar as crianças e adolescentes que as mulheres e meninas não são inferiores e merecem ser tratadas com respeito;
- Auxiliar as mulheres próximas a você, especialmente aquelas que são mais vulneráveis a preconceitos, seja por um cargo mais baixo, tom de pele ou outras razões;
- Fazer uma constante autoavaliação para identificar atitudes misóginas e preconceituosas que muitas vezes já se tornaram tão normais que acabam passando despercebidas pela rotina.
A misoginia é um termo que indica atos de violência promovidos com base em um ódio em relação a mulheres, podendo se manifestar de forma verbal ou física e culminar em casos de feminicídio.
Esse tipo de atitude é frequente em nossa sociedade por causa da presença do machismo e sexismo que afirmam que, além de divisões imutáveis de papéis, há uma maior capacidade dos homens durante a realização tanto de atividades físicas quanto mentais.
E aí, entendeu um pouco mais sobre os impactos da misoginia? Aproveite para conferir também o conteúdo que preparamos sobre a economia do cuidado e a invisibilização das mulheres e aprenda mais sobre esse tópico que é influenciado pela misoginia e já foi até tema da redação do Enem!
