Por que existe desigualdade de salários entre homens e mulheres?

6 Minutos de Leitura

A desigualdade salarial é a diferença de valores pagos para homens e mulheres que desempenham uma mesma função. Esse problema é um dos combatidos pelo feminismo e não prejudica apenas as funcionárias, mas também as empresas que deixam de atingir maiores receitas com a desvalorização feminina.

Imagem de um equipe, sentados em uma mesa, vendo os resultados de uma campanha, dentro de um escritório.

Quer saber mais sobre essa desigualdade, suas principais causas e como combatê-la? Confira nosso conteúdo!

O que é a desigualdade salarial entre homens e mulheres?

A desigualdade salarial é quando homens recebem um pagamento maior do que mulheres, mesmo que tenham sido contratados para ocupar o mesmo cargo e desempenhar as mesmas funções. Segundo o IBGE, essa desigualdade era de 22% em 2022 {1}. A discrepância é ainda maior quando se trata de posições de liderança, 49% de mulheres negras e pardas recebem, em média, 46% dos valores oferecidos aos homens.

Quais as principais causas da desigualdade salarial entre gêneros?

A desigualdade salarial entre pessoas com gêneros diferentes se deve principalmente ao preconceito enraizado em nossa sociedade. Veja a seguir como essa visão colabora para que as variações de remuneração se mantenham:

Cargos de liderança ocupados majoritariamente por homens

De acordo com dados divulgados pelo IBGE em março de 2024 {2}, cerca de quatro cargos de liderança a cada dez são ocupados por mulheres no Brasil. Além disso, elas recebem cerca de 79% da quantia que é paga aos homens. Esses dados demonstram que os caras são a principal escolha quando aparece uma vaga para o comando de uma equipe.

Jornadas duplas: trabalho doméstico somado ao trabalho remunerado

Existe também a perspectiva de que apenas as mulheres devem cuidar da casa, esse trabalho, muitas vezes, é somado ou substituído pelas atividades remuneradas. O acúmulo de responsabilidades colabora para o cansaço feminino, dificultando a busca e a dedicação a ações que poderiam colaborar para a obtenção de destaque no emprego e, consequentemente, uma promoção.

Visão machista sobre o comprometimento com as tarefas

É predominante no mercado o ponto de vista que as mulheres se dedicariam menos, pois podem precisar sair mais cedo para levar os filhos ao médico. Infelizmente, é comum que os entrevistadores incluam, somente para as mulheres, perguntas como “Você tem filhos?” e “Com quem seus filhos ficarão enquanto você trabalha?”. Quando a candidata não possui prole, ocorre o questionamento de “Mas se você tiver, com quem eles ficarão?” e todas as respostas são levadas em conta antes da contratação.

Imagem de uma equipe, sentados em uma mesa, com uma mulher em pé, tomando frente na reunião, dentro de um escritório.

Isso se deve à visão machista de que toda a responsabilidade do cuidado com as crianças é da mãe. Mas a gente bem sabe que os filhos não são apenas fruto da mulher, né?

Ações para o combate à desigualdade salarial entre homens e mulheres

No Brasil, existe a Lei 14.611/2023, publicada só em 2023, que define que homens e mulheres de qualquer etnia que desempenhem a mesma função devem receber salários iguais, permitindo que ações de indenização por danos morais sejam movidas caso esse direito não seja cumprido.

Portanto, é necessário que as empresas regularizem possíveis disparidades de remuneração para evitar problemas judiciais. Confira a seguir algumas ações além da legislação que podem ser tomadas para promover o combate à desigualdade de salários.

Conscientização sobre os benefícios da contratação feminina

Foi comprovado por estudos da McKinsey & Company {3} que empresas que possuem uma maior diversidade de gênero em suas lideranças tinham a probabilidade 21% maior de atingir um desenvolvimento financeiro melhor do que o de suas concorrentes. Essa informação deve ser espalhada entre os proprietários de empresas para que a inclusão feminina seja cada vez mais procurada e não evitada para compor o quadro de funcionários ideal.

Incentivo da diversidade nas contratações

O incentivo da diversidade nas contratações permite que mais mulheres sejam empregadas pelas empresas. Esse ponto pode ser feito por meio de vagas afirmativas destinadas apenas a mulheres, aqui, é possível também oferecer oportunidades mais segmentadas para mulheres negras ou pardas, por exemplo. Assim, é possível obter uma variação ainda maior do quadro de colaboradores.

Programas de incentivo a lideranças femininas

Se os homens sempre são cotados para as vagas de liderança, por que não dar a oportunidade de as mulheres se destacarem — ou ao menos serem consideradas — nos processos seletivos internos para a ocupação de cargos de gerência? Isso pode ser feito com a adoção de programas que incentivem a liderança feminina, por exemplo: oferecimento de cursos sobre gestão de pessoas e projetos, comunicação eficaz, técnicas de persuasão e estratégias de negociação.

Na cultura empresarial, é importante que seja incentivada a criação de redes de apoio entre as funcionárias, a fim de promover o desenvolvimento da sororidade entre as mulheres, resultando em um ambiente mais acolhedor. Desse modo, além de chegarem aos cargos superiores, as funcionárias terão suporte para permanecerem e se desenvolverem neles cada vez mais.

Realização de auditorias e correções salariais

Para encontrar disparidades, é importante que sejam feitas auditorias regulares dos valores que estão sendo pagos para o desempenho de cada função. Assim, é possível efetuar correções salariais e evitar que as desigualdades continuem ocorrendo. Esse processo contribui para um ambiente mais justo e evita questões judiciais.

Imagem de um trio de mulheres, sentadas em uma mesa de madeira, todas com um notbook, trabalhando em um escritório.

Agora que você já sabe mais sobre as diferenças salariais, confira também o conteúdo que preparamos sobre o que é assédio moral e sexual e como se proteger dessa prática que, infelizmente, ainda está presente em diversos ambientes de trabalho.

Referências bibliográficas

{1} DYNIEWICZ, Luciana. Diferença salarial entre homens e mulheres vai a 22%, diz IBGE. 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/diferenca-salarial-entre-homens-e-mulheres-vai-a-22-diz-ibge/. Acesso em: 26 ago. 2024.

{2} ABDALA, Vitor; BRASIL, Cristina Indio do. Homens ocupam seis em cada dez cargos gerenciais, aponta IBGE. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-03/homens-ocupam-seis-em-cada-dez-cargos-gerenciais-aponta-ibge#:~:text=Homens%20ocupam%20seis%20em%20cada,gerenciais%2C%20aponta%20IBGE%20%7C%20Ag%C3%AAncia%20Brasil. Acesso em: 26 ago. 2024.

{3} HUNT, Dame Vivian; YEE, Lareina; PRÍNCIPE, Sara; DIXON-FYLE, Sundiatu. Delivering through diversity. 2018. Disponível em: https://www.mckinsey.com/capabilities/people-and-organizational-performance/our-insights/delivering-through-diversity. Acesso em: 26 ago. 2024.

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